O DESPERDÍCIO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A Construção Civil é responsável pela
maioria dos empregos gerados no país
Nos quatro quadrantes do Planeta a Indústria da Construção Civil caracteriza-se como uma das atividades econômicas que mais contribui para a geração de empregos e composição do PIB, com índices que variam de 3 a 5% nos países em desenvolvimento e 5 a 10% nos países desenvolvidos. No Brasil, estima-se que alcance a marca de 7%.
Em que pese a importância dessa atividade para o desenvolvimento da economia e apesar de convivermos na Era da Informação, da robótica e das sofisticadas tecnologias, este setor apresenta dados desanimadores, no tocante ao desperdício quer de materiais ou homens/hora (produtividade). 
Levantamento realizado em 69 canteiros pela UFMG e outras 15 universidades brasileiras em 12 estados, confirma que os níveis de desperdício na construção civil continuam atingindo índices preocupantes. Por exemplo, materiais como argamassa chegam a apresentar 90% de perda. Entenda-se como desperdício não apenas o material refugado no canteiro, mas, também, toda e qualquer perda durante o processo. Portanto, qualquer utilização de recursos além do necessário à produção de determinado item é caracterizada como desperdício.
Montenegro (*): “Os desperdícios da construção civil no Brasil
são da ordem de 20 a 30%.
De uma maneira geral os desperdícios atingem a percentagem da ordem de 20 a 30%. Trocando em miúdos, em cada 100 prédios construídos, se perde 30 prédios. Isto tem um significado importante no custo das obras e reflete-se no custo Brasil. Identificam-se como fatores determinantes desse desempenho o desenvolvimento insuficiente de novas tecnologias, a baixa qualificação profissional e a falta de planejamento. O engenheiro brasileiro planeja pouco, resultando que o trabalho acaba sendo marcado pela improvisação. 
Nos países desenvolvidos os engenheiros gastam seis meses na elaboração de um projeto, cuja construção pode durar apenas 30 dias. No Brasil é exatamente o contrário! Aqui os empresários do setor, via de regra, interessam-se mais por preços módicos que pela qualidade dos materiais. Quanto à produtividade brasileira equivale a 32% da americana. Aliás, há quem afirme que a produtividade no Brasil é menor que um quinto da produtividade dos países industrializados.
A argamassa chega a apresentar 90% de perda na construção
Segundo a empresa de consultoria McKinsey, essa baixa produtividade se deve à deficiência de planejamento e de gerenciamento de projetos, ainda relativa instabilidade macroeconômica e ausência de prestadores de serviços organizados, desenvolvimento insuficiente da indústria de materiais pré-fabricados e o baixo grau de automação.
No mundo atual, cada empresário há que tomar consciência do papel social e ecológico de sua empresa. Por outro lado, as empresas da construção civil precisam absorver a ideia que existe uma relação entre a produtividade e a qualidade de vida dos trabalhadores. Não se pode esperar qualidade e produtividade, por exemplo, de quem constrói moradias e não possui a sua.
Como esperar qualidade no trabalho de pessoas que não têm perspectivas de melhoria na sua qualidade de vida? Para que a mudança aconteça é preciso adesão incondicional do empresário com novo foco comportamental.
Os programas de Gestão da Qualidade Total, que envolvem vários agentes internos e externos à organização, evidenciam-se como instrumento eficaz na promoção da competitividade das empresas, agindo diretamente na produtividade (inovação tecnológica, qualificação do trabalhador e desperdício) com o contínuo aperfeiçoamento dos processos e produtos.
As empresas de construção civil precisam repensar seu papel
A Engenharia Civil, devido à interferência que promove na sociedade, precisa mais que nunca repensar os rumos que vem seguindo. As empresas de construção civil precisam, mais do que nunca, repensar seu papel e o significado de sua produção para a sociedade e para a natureza.
“Identificam-se como fatores determinantes desse desempenho o desenvolvimento insuficiente de novas tecnologias, a baixa qualificação profissional e a falta de planejamento”
Fonte: Revista Edificar – Abril de 2012.
 
(*) Maurício Montenegro – Engenheiro Civil, Ex-Secretário de Infraestrutura de João Pessoa e Ex-Prefeito de São Miguel de Taipu.
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